O que pensam 7 ex-ministros da Justiça sobre atuação de Moro no caso dos hackers

"Ilegal". "Irregular". "Abusivo". "Absurdo". "Indecente". "Exorbitante". São alguns dos adjetivos usados por ex-ministros da Justiça que ocuparam o cargo nos últimos 24 anos - nos governos FHC, Lula, Dilma e Temer -, para se referir à conduta do atual ocupante da pasta, o ex-juiz federal Sergio Moro, no caso da investigação da Polícia Federal sobre hackers.

Para os sete ex-ministros ouvidos pela BBC News Brasil, embora seja chefe administrativo da corporação, não cabe ao ocupante da pasta determinar rumos de investigação, receber informações antecipadas sobre operações, ter acesso a provas e informações sob sigilo judicial e repassar tais informações a pessoas que não são parte do inquérito. Para eles, há indícios de que Moro possa ter recentemente violado alguma dessas regras.

 
 

Depois que a Operação Spoofing, na semana passada, prendeu quatro pessoas acusadas de ser responsáveis pelo hackeamento de mensagens trocadas por Moro, procuradores da Operação Lava Jato e cerca de mil autoridades, o ex-juiz federal telefonou para alguns dos supostos alvos dos criminosos, na última quinta-feira, 25 de julho, para informá-los.

Consultado pela BBC News Brasil, o ministro Moro admitiu, em nota, por meio de sua assessoria de imprensa, que "por questões de segurança nacional e pessoal, se encarregou de comunicar algumas autoridades de elevada posição, como o presidente da República, que estariam entre as vítimas".

Na mesma nota, no entanto, ele negou ter tido "acesso ao inquérito de investigação das invasões criminosas de celulares e mensagens de autoridades". Segue a nota: "A manifestação do ministro sobre o tema só se deu após realização das buscas e prisões e a decisão judicial terem se tornado públicas. Não houve acesso à lista de vítimas".

Para pelo menos uma dessas autoridades, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro João Otávio Noronha, Moro teria garantido que os eventuais diálogos interceptados pelos hackers - provas do inquérito sigiloso - seriam apagados.

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Autor: Web Rádios

Data: 31/07/2019 09:27

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